Como os dados dos usuários se tornaram a nova moeda de troca?

Entenda como suas informações pessoais são usadas

Atualizado em março 22, 2025 | Autor: Ivan Martins
Como os dados dos usuários se tornaram a nova moeda de troca?

Você já parou pra pensar em quantas vezes, só hoje, compartilhou algum tipo de informação sua na internet? Pode ter sido algo simples, como o número do seu CPF ao fazer uma compra online, ou até o seu gosto musical, ao curtir uma música no streaming. A verdade é que, com alguns cliques, deixamos um rastro enorme de dados por onde passamos — e nem sempre percebemos. E como os dados dos usuários se tornaram a nova moeda de troca?

Mais curioso ainda é descobrir que esses dados, que parecem tão banais no dia a dia, têm um valor enorme para empresas do mundo todo. Aliás, eles valem tanto que já são chamados de “a nova moeda de troca” da era digital.

Ou seja, mesmo quando você não está pagando por um serviço com dinheiro, pode estar pagando com algo ainda mais valioso: suas informações pessoais.

E não é exagero. Empresas de tecnologia, bancos, fintechs, redes sociais e até aplicativos simples de celular coletam, analisam e usam seus dados para diversas finalidades.

Algumas delas até ajudam a melhorar sua experiência como consumidor. Outras, porém, podem colocar sua privacidade em risco.

Neste post, vamos conversar sobre esse tema que parece invisível, mas impacta diretamente a nossa rotina.

Vamos entender o que são esses dados, por que eles são tão cobiçados e o que você pode fazer para se proteger nesse novo cenário digital. Bora entender como os dados dos usuários se tornaram a nova moeda de troca?

O que são dados pessoais e por que eles valem tanto?

Dados pessoais são basicamente qualquer informação que possa identificar você, de forma direta ou indireta.

Isso inclui o básico, como nome, CPF e telefone, mas vai muito além: hábitos de compra, localização, preferências de navegação, e até o tempo que você passa assistindo a um vídeo contam como dados pessoais.

O grande motivo pelo qual essas informações valem tanto é simples: elas ajudam empresas a vender mais e melhor.

Com base nos seus dados, é possível criar anúncios direcionados, personalizar ofertas e até prever o que você pode querer comprar em breve.

Sabe quando você comenta sobre um produto com alguém e, minutos depois, ele aparece num anúncio? Pois é.

Isso acontece porque, de alguma forma, seus dados estão sendo rastreados.

E quanto mais uma empresa sabe sobre você, maior é o potencial de lucro que ela enxerga.

Nada é de graça: o preço invisível dos serviços “gratuitos”

Se tem uma frase que define bem a era digital é: se o serviço é gratuito, o produto é você. Isso vale para redes sociais, aplicativos de jogos, plataformas de vídeo, navegadores, entre outros.

A maioria desses serviços lucra com publicidade — e quanto mais eles souberem sobre o usuário, mais eficazes (e lucrativos) são os anúncios que exibem.

Funciona mais ou menos assim: você se cadastra em uma plataforma gratuita, aceita os termos (muitas vezes sem ler), começa a usar o serviço e, sem perceber, está entregando uma quantidade absurda de dados.

Em troca, a empresa te mostra anúncios super direcionados, vende esses dados para parceiros comerciais ou os utiliza para melhorar seus próprios produtos.

Como esses dados são coletados?

A coleta de dados acontece o tempo todo e de formas cada vez mais sofisticadas. Aqui vão alguns exemplos:

1. Cookies de navegação

Quando você entra em um site e aceita os cookies, está autorizando o site a monitorar sua atividade: quais páginas você acessou, por quanto tempo ficou, em que links clicou, e por aí vai.

2. Redes sociais

Cada curtida, comentário ou compartilhamento revela um pouco sobre quem você é.

E essas plataformas sabem aproveitar muito bem esse conteúdo.

3. Aplicativos diversos

Até um app de lanterna pode pedir acesso à sua localização.

Isso sem falar nos apps de mobilidade, delivery, jogos e banco — todos cheios de permissões que nem sempre se justificam.

4. Compras online e uso de cartão de crédito

As compras feitas no seu cartão dizem muito sobre seus hábitos: quanto você gasta, com o que, em que dias e horários, em quais lojas… tudo isso é valioso para o mercado.

Quem está lucrando com tudo isso?

Em primeiro lugar, as gigantes da tecnologia. Google, Meta (dona do Facebook e Instagram), Amazon e TikTok, por exemplo, têm seus modelos de negócio completamente baseados no uso de dados para publicidade segmentada.

Mas não para por aí. Empresas de marketing, bancos, operadoras de cartão de crédito, seguradoras e até lojas online utilizam esses dados para tomar decisões.

Comportamentos de consumo podem influenciar o limite do seu cartão, a taxa de juros de um financiamento ou até o valor de um seguro.

E, em alguns casos, os dados ainda são revendidos para outras empresas, sem que você saiba exatamente para onde foram ou como serão usados.

Quais são os riscos para o consumidor?

Apesar de todo esse uso de dados trazer praticidade e personalização, existem riscos reais envolvidos:

  • Vazamentos e golpes: Quando uma empresa sofre um ataque cibernético, seus dados podem parar na mão de criminosos.

  • Fraudes com CPF e cartões: Com algumas poucas informações, é possível abrir contas falsas, contratar empréstimos ou realizar compras em seu nome.

  • Manipulação e discriminação: Seus dados podem ser usados para traçar perfis que limitam seu acesso a serviços, crédito ou ofertas — sem que você tenha chance de contestar.

  • Perda de privacidade: Estar sempre sendo observado pode afetar sua liberdade e até gerar ansiedade.

E o que diz a lei? A importância da LGPD

No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor em 2020 e trouxe mais transparência para o uso das informações pessoais.

Agora, empresas precisam explicar claramente o que estão coletando, por quê, e com quem vão compartilhar esses dados.

Você também tem mais poder sobre seus próprios dados. Pode, por exemplo:

  • Solicitar acesso ao que uma empresa sabe sobre você

  • Pedir correção ou exclusão de informações

  • Revogar autorizações de uso de dados

  • Negar o compartilhamento com terceiros

E o melhor: empresas que não cumprem a LGPD podem receber multas de até R$ 50 milhões por infração.

Como se proteger no dia a dia?

Você não precisa (nem deve) parar de usar a internet.

Mas dá pra ser mais cuidadoso com o que você compartilha.

Aqui vão algumas atitudes que fazem a diferença:

  1. Desconfie de aplicativos e sites que pedem dados demais

  2. Leia os termos e permissões antes de clicar em “aceito”

  3. Use senhas fortes e não repita a mesma em todos os lugares

  4. Ative autenticação em dois fatores sempre que possível

  5. Monitore suas transações e movimentações financeiras com frequência

  6. Evite se conectar em redes Wi-Fi públicas sem proteção

Como os dados dos usuários se tornaram a nova moeda de troca?

A gente vive numa era em que nossos dados têm mais valor do que imaginamos.

Eles ajudam empresas a crescerem, movimentam bilhões em publicidade e influenciam decisões importantes sobre sua vida financeira.

Mas, ao mesmo tempo, podem te colocar em situações bem delicadas se caírem nas mãos erradas.

Por isso, estar consciente, se informar e adotar hábitos de proteção digital não é exagero — é uma necessidade.